segunda-feira, agosto 22, 2005

nossa lingua


“Minha pátria é minha língua
Fala mangueeeira...”
(Caetano Veloso)


A nossa língua, ó amadas, idolatradas, salve, salve!!!
A nossa belíssima língua portuguesa é um dos últimos bastiões resistentes de um Brasil que não mais existe (não descreverei este referido Brasil por não ser sociólogo. Como todas sabem sou amante latino, deixo a descrição, investigação e congêneres para o Doto Agapito que é do ramo). Mas, como dizia, a nossa amada (disse amada?) língua portuguesa vem sofrendo mudanças em seu corpo até então enxuto de senhora mais que centenária, só de Brasil são quinhentos e certos anos. As mudanças, filhas do mundo internético, são engraçadinhas, mas de uma graça desbotada como as piadinhas daquele programa humorístico de sábado à noite (qual é mesmo o nome?). Já não se escreve aqui, não, acho, demais, deveras então nem se fala e muito menos grifa-se. Em lugar destas aparecem os neologismos (palavrinha porreta esta, não acham?) aki, naum, axu, D+.
Considero isto um verdadeiro crime de lesa patrimônio contra a nossa língua portuguesa. E as justificativas dos criminosos são várias, mas a mais corriqueira é a falta de tempo para escrever corretamente na internet. O dinâmico e veloz mundo virtual não tem tempo para perfeições ou até mesmo tentativas de perfeições, o que ele quer é praticidade.
Peço-vos, ó minhas amadas, que abandonem as abreviaturas e ou as modernidades modistas internéticas. Em respeito e em busca da preservação de vossa integridade enquanto pessoa pertencente a um país, um povo, uma nação, peço-vos: Escrevam em PORTUGUÊS de verdade. Escrevam todas as letras, encham os nossos olhos com as nossas letras, os nossos ãos, aquis, demais, alis. Escrevam todinha, inteirinha a palavra morubixaba que embora não sendo em lingua portuguesa é em língua brasileira, tupi, portanto nossa. Não tenham preguiça, não tenham pressa, não sigam modas. Escreva tudinho timtim por timtim. Não façam parte desse odioso crime contra o nosso patrimônio lingüístico. Errem, podem errar. Aceitam-se vírgulas em lugares errados, frases mal compostas, textos mal escritos, afinal nem todos são escritores. Contanto, ó minhas idolatradas, que escrevam as palavras em toda as suas plenitudes. Deixem-nas sair por aí, pelas linhas dos cadernos, pelos e-mails, scrapps a chorar de tristeza ou saltitar de alegria, mas inteiras, integras, enfim, portuguesas e por que não dizer, brasileiras.

A propósito, como se escreveria deveras se esta ainda estivesse em uso? Posso sugerir um maiusculoso D seguido de duas fotinhas (outra palavrinha aberrante) da Vera Fisher?

Um comentário:

Unknown disse...

Disse, mais uma vez, como é de seu honroso costume, tudo, amado Tutuia. Disse tudo. Estás certissimo. A nossa pátria é nossa língua, para variar o desagradável Caetano estava certo. Nós somos nossa linguagem, não é mesmo, amantíssimo amigo das letras e da poesia?